Carta sobre Pandemia de GT “Mulheres na Ciência” da UFF

Divulgação da "Carta sobre Pandemia" escrita pelo Grupo de Trabalho "Mulheres na Ciência" da UFF.

Prezados e Prezadas Chefes de Departamentos, Diretores de Institutos e Coordenadores de Cursos,

O Grupo de Trabalho “Mulheres na Ciência” vinculado à Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da Universidade Federal Fluminense vem por meio desta carta manifestar sua preocupação com a sobrecarga e acúmulo de tarefas profissionais e domésticas sofrida por docentes, técnicos-administrativos e discentes com filhos pequenos durante a pandemia COVID-19, especialmente considerando o retorno didático remoto ou híbrido nos próximos meses.

Com o início da pandemia foi adotada, corretamente, uma quarentena que resultou em fechamento de creches e escolas e isolamento dos familiares. Este contexto resultou em um aumento das tarefas domésticas e de cuidados com os filhos e idosos em casa, e muitas pessoas estão exercendo estas funções sem a rede de apoio habitual. Essa realidade é mais incidente sobre as mulheres, como demonstra a literatura acadêmica. A sobrecarga de trabalho gerada por esta situação pode desencadear consequências à saúde física e mental destas pessoas de maneira grave, quadro que tende a ser mais agudo para as mães em vulnerabilidade econômica e que são a única fonte de cuidados para com os filhos. Se ações efetivas não forem executadas, um aumento na disparidade de gênero certamente ocorrerá em um cenário pós-pandemia.

Considerando este contexto, elaboramos as seguintes propostas abaixo listadas para contribuir na mitigação deste problema, considerando um retorno das atividades de maneira remota ou híbrida nos próximos meses.

Para os DOCENTES, especialmente mulheres, que vivem com os filhos que estão na educação infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª a 5ª série), sugerimos que os chefes de departamentos, diretores de Institutos e coordenadores de cursos da Universidade considerem:

1.               Replanejar a carga horária didática atribuída a estes docentes, respeitando as determinações de carga horária mínima regulamentar.

2.               Reorientar as atribuições administrativas, substituindo temporariamente ao docente, quando possível e de acordo com a vontade do docente, em comissões ou cargos administrativos.

3.               Estimular, de acordo com a vontade do docente, a orientação compartilhada com outros docentes aptos a ajudar na orientação de alunos tanto na graduação quanto na pós-graduação.

4.               Alocar preferencialmente o apoio administrativo da Universidade, quando possível, ao desenvolvimento dos projetos acadêmicos, de pesquisa ou extensão relacionados ao docente.

Para DISCENTES, especialmente mulheres, que vivem com os filhos que estão na educação infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª a 5ª série), solicitamos que os chefes de departamentos, diretores de Institutos e coordenadores de cursos da Universidade considerem:

5.               Flexibilizar prazos relativos às atividades acadêmicas.

6.               Orientar quanto aos serviços da Universidade que oferecem suporte especial para os estudantes.

7.               Oferecer a possibilidade de atender as disciplinas de maneira flexível, respeitando as normas da Universidade.

8.               Disponibilizar a ajuda proveniente dos monitores da disciplina de maneira preferencial.

9.               Apoiar as políticas de permanência discente, considerando de maneira especial as discentes mães.

Para TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS, especialmente mulheres, que vivem com os filhos que estão na educação infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª a 5ª série), solicitamos que os chefes de departamentos, diretores de Institutos e coordenadores de cursos da Universidade considerem:

10.            Pactuação de atividades com a chefia tendo em vista esta realidade.

11.            Compreensão quanto cumprimento dos prazos relativos às atividades determinadas.

12.            Agendamento de atividades administrativas e reuniões considerando os horários de apoio didático aos filhos, sempre que possível.

13.            Reorganização de funções, em comum acordo com os funcionários do setor, de maneira a não sobrecarregar os técnicos-administrativos com menor disponibilidade devido a atribuições familiares de cuidados, especialmente, com filhos que não tiveram retorno presencial às escolas.

 

Estamos cientes de que a Universidade Federal Fluminense é destaque nacional em questões relacionadas à inclusão e preocupação com equidade de gênero. Esperamos com esta carta contribuir para a continuidade deste trabalho e para a construção de um ambiente acadêmico durante e após a pandemia mais igualitário, justo e inclusivo.

 

Estamos à disposição para construção conjunta de estratégias neste sentido,

Pedimos a gentileza de divulgar para seus professores,

 

Cordialmente,

GT “Mulheres na Ciência” da UFF