ENTREVISTA COM EX-BOLSITA PIBIC E.M: Lucas Ribeiro Rocha

 

VOCÊ SABE O QUE É PROGRAMA PIBIC ENSINO MÉDIO? O Programa– PIBIC Ensino Médio tem como objetivo despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do Ensino Médio e Profissional da Rede Pública de Ensino, mediante sua participação em atividades de pesquisa científica ou tecnológica, outorgando bolsas pelo período de até 12 (doze) meses.

Lucas Ribeiro Rocha é ex-bolsista do projeto PIBIC-ENSINO MÉDIO e atual aluno de Sociologia pela Universidade Federal Fluminense- UFF. Lucas Rocha concluiu o ensino médio no Colégio Estadual Walter Orlandini no ano de 2017, no qual, teve a oportunidade de pesquisar sobre: “ As interações e conflitos na fila do refeitório: estudo sobre dilemas brasileiros a partir da observação do cotidiano escolar”, com orientação do professor Pedro Heitor de Barros.

1.CONTE UM POUCO SOBRE A VERTENTE DA SUA PESQUISA. O meu projeto foi referente às interações e conflitos nas filas escolares de refeitório (escola pública) e cantina (escola particular). Fiz uma comparação entre as duas realidades e a partir disso fui identificando suas particularidades e tentando explicar o por quê daquilo ocorrer, para isso o principal autor que eu usei foi o Roberto DaMatta, um antropólogo brasileiro. Ao analisar a fila no ensino médio fui observando que muitas coisas que aconteciam lá ocorriam em muitos outros lugares, como a forma de hierarquias, maneiras de administração dos conflitos nessas filas, quem era reconhecido como autoridade e quem não era, mesmo tendo uma posição hierárquica mais elevada, o famoso jeitinho brasileiro, algumas relações de camaradagem, entre muitas outras coisas que vemos acontecer em diversos lugares de maneira parecida. Nesse projeto que eu vi o quão amplo pode ser um assunto aparentemente simples, e mesmo agora, com ele findado, vejo muitos teóricos de peso que eu poderia incluir na pesquisa, pois de uma simples fila podemos ver inúmeras relações políticas, sociais e culturais.
2. QUANDO VOCÊ INICIOU A TRAJETÓRIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA? E COMO CONHECEU O PROGRAMA PIBIC E.M-UFF?  Iniciei a minha trajetória na educação pública no ano de 2015, ao ingressar no primeiro ano do Ensino médio. Conheci através do meu professor de filosofia do Ensino médio, o Marcos Veríssimo, que fez um convite aos seus alunos a participarem de um grupo de pesquisa, que mais tarde descobri ser o PIBIC Ensino médio.

3. O PROJETO ALTEROU A SUA VISÃO SOBRE A UNIVERSIDADE E OS ESTUDOS? SE SIM, DE QUE FORMA? POR QUE VOCÊ ESCOLHEU ESSA ÁREA? O projeto foi algo extremamente benéfico para mim, ampliando a minha visão de o que é fazer pesquisa, como analisar as coisas de forma mais crítica, e expandiu também a minha visão sobre o que a universidade propicia além das aulas e do diploma, em certa medida mostrou que a universidade não é só um lugar para se ter aulas do assunto que você quer e pegar mais um diploma, mostrou-me que ela é muito mais do que só uma especialização.A proposta inicial dada pelo professor Veríssimo era identificar algo que fosse naturalizado naquela escola, e desnaturalizar isso. Uma coisa que era vista como completamente normal naquela escola e que eu, até por ter vindo de uma escola cuja organização da fila fosse totalmente distinta, achava algo estranho, que não era e nem deveria ser naturalizada, comecei a pesquisar sobre as filas e fazer uma análise comparando essas duas realidades. Com algum tempo de pesquisa eu comecei a entender o porquê daquilo ser naturalizado, e que isso ocorria em muito por parte da constituição social de muitos brasileiros, e da aí a pesquisa foi evoluindo e eu fui vendo sob outros pontos de vista. Uma área que foi escolhida pelo simples estranhamento de algo naturalizado naquela escola, que ao longo da pesquisa foi se mostrando muito mais complexa e interessante de ser trabalhada, o que levou inclusive à sua continuidade.

 

4. O PIBIC EM-UFF DE ALGUMA MANEIRA INFLUENCIOU A SUA ESCOLHA DA GRADUAÇÃO? Sem sombra de dúvidas, antes do projeto eu não tinha muita noção do que fazer após a conclusão do Ensino médio, por mais que eu sempre tive uma grande afinidade com as ciências humanas, eu nunca havia considerado muito fazer algo nessa área, pois antes desse projeto, eu achava que só havia a opção de dar aulas ao fazer um curso dessa ampla área (amplitude qual só fui descobrir após a ingressão no grupo de pesquisa). Graças ao projeto, ampliei meus conceitos sobre as ciências humanas, vi que eu não precisava necessariamente dar aulas (o que hoje eu também vejo como uma opção viável) e cá estou fazendo bacharelado em sociologia pela UFF.

5. VOCÊ TEM O INTERESSE EM CONTINUAR SENDO BOLSISTA DA UNIVERSIDADE? AINDA POSSUI INTERESSES NA PESQUISA? Sim para as duas perguntas. Esse processo de fazer uma pesquisa é algo extremamente prazeroso (pelo menos para mim), você tem uma certa liberdade de pesquisar temas que lhe causam interesse e a partir da própria empiria e estudo de teóricos que abordaram o mesmo assunto sobre outra perspectiva ou abordaram um assunto a qual se possa fazer uma conexão com sua pesquisa é algo que, aos meus olhos, é muito interessante. Ainda hoje, faço muitos links de algumas coisas do meu cotidiano que consigo fazer uma relação mental com o tema que estudei no ensino médio, e até pelo aumento contínuo na bagagem teórica e empírica que é adquirida ao decorrer da graduação e vida em geral, começo a ver possibilidades de acrescentar no trabalho já feito e expandi-lo por meio de outros campos de pesquisa sobre o mesmo objeto. Tenho também interesse em realizar novas pesquisas, sobre outros assuntos, mas ainda não identifiquei um assunto que eu conseguiria fazer uma pesquisa frutífera

6. VOCÊ ACRETIDA QUE TER FEITO ESSE TRABALHO DE PESQUISA VOCÊ DIFERENCIA O SEU CURRICULO LATTES DE OUTROS ALUNOS? Bem, uma das coisas que é vista ao entrar na Universidade é que toda atividade acadêmica reconhecida por algum órgão conta para aumentar o Lattes, e fazer uma pesquisa já no Ensino médio e que tenha um reconhecimento institucional indica que desde cedo o aluno já teve o interesse de participar de algo, o indivíduo já entra na faculdade tendo alguma experiência de campo e tendo documentos que comprovem isso, como por exemplo, certificados de apresentação, etc.  
 
7. VOCÊ TEM O INTERESSE EM CONTINUAR SENDO BOLSISTA DA UNIVERSIDADE? AINDA POSSUI INTERESSES NA PESQUISA? Sim para as duas perguntas. Esse processo de fazer uma pesquisa é algo extremamente prazeroso (pelo menos para mim), você tem uma certa liberdade de pesquisar temas que lhe causam interesse e a partir da própria empiria e estudo de teóricos que abordaram o mesmo assunto sobre outra perspectiva ou abordaram um assunto a qual se possa fazer uma conexão com sua pesquisa é algo que, aos meus olhos, é muito interessante. Ainda hoje, faço muitos links de algumas coisas do meu cotidiano que consigo fazer uma relação mental com o tema que estudei no ensino médio, e até pelo aumento contínuo na bagagem teórica e empírica que é adquirida ao decorrer da graduação e vida em geral, começo a ver possibilidades de acrescentar no trabalho já feito e expandi-lo por meio de outros campos de pesquisa sobre o mesmo objeto. Tenho também interesse em realizar novas pesquisas, sobre outros assuntos, mas ainda não identifiquei um assunto que eu conseguiria fazer uma pesquisa frutífera